A importância da estatística para o treinador de futsal
No futsal, tal como noutras modalidades, a competição implica perfomances individuais cuja avaliação não pode ser feita através do cronómetro ou metro, conforme acontece com algumas modalidades como o atletismo ou a natação.
Os treinadores de futsal, os mais interessados, têm sentido a necessidade de objectivar as análises dos resultados obtidos nas competições das suas equipas.
Para esse efeito alguns começaram já a recorrer à observação individual da prestação competitiva dos seus jogadores realizada por meio da recolha e registo de indicadores cuja definição se ajustasse à realidade das situações próprias dos jogos.
Os indicadores seleccionados são depois recolhidos e tratados e vão permitir ao treinador uma intervenção junto dos jogadores e da equipa no sentido de corrigir erros cometidos em plena competição, se sugerir soluções técnico-tácticas mais eficazes e de propor novas metas para a preparação e treino individual e colectivo dos atletas.
Para os próprios atletas, as estatísticas são um factor importante de referência para a sua preparação e apuramento de forma.
Apresento alguns exemplos concretos, recolhidos por um meu colaborar numa equipa que recentemente treinei, que podem ilustrar o que se escreveu nas linhas anteriores:
A prestação competitiva do pivot Joaquim António (nome fictício), em 40 minutos, proporcionou o seguinte registo:
* Remates: 6
* Perdas de bola: 4
* Recuperações de bola: 1
* Golos: 0
* Passes curtos errados: 6
* Passes curtos certos: 18
* Faltas sofridas: 5
* Faltas cometidas: 3
* Passes longos certos: 0
* Passes longos errados: 5
O treinador que analise estes dados tendo em conta a função atribuída ao Joaquim António. O treinador tem de dar atenção aos passes longos (5 errados em 5 executados), visto que sabe em que situação de jogo fora tentada.
Foram passes feitos depois de descida até á zona defensiva, significando perda de bola e perda de contra ataque. O treinador tem matéria para corrigir, pois nessa situação o Joaquim António deveria entregar a bola a um companheiro que a passe bem.
Nos passes curtos (6 errados em 24 executados) a prestação é positiva, tanto mais que o treinador sabe que a marcação ao Joaquim António foi cerrada e agressiva.
O número de remates (6 para 0 golos) é para ponderar, porque só podem ser correctamente analisados tendo em conta as soluções tácticas propostas pelo treinador. Há ainda que reflectir no número de faltas cometidas, algumas delas desnecessárias.
O mesmo levantamento deu para o "ala" Filipe José os seguintes indicadores:
* Remates: 3
* Recuperações de bola: 6
* Golos: 1
* Passes curtos certos: 17
* Passes curtos errados: 2
* Faltas sofridas: 3
* Faltas cometidas: 2
* Passes longos certos: 2
* Passes longos errados: 1
Neste caso a prestação do ala Filipe José foi muito positiva e o treinador pouco terá a corrigir, à excepção do trabalho ofensivo. Com efeito trata-se de um ala que sobe bem para se integrar na frente de ataque e que por isso deverá rematar mais que os escassos 3 remates que fez.
O levantamento estatístico permite este tipo de análises. Não há qualquer razão para os treinadores de futsal deixarem de recorrer às estatísticas que não metem medo a ninguém e podem ajudar muito no trabalho que todos eles realizam, na preparação e direcção das suas equipas.
Óscar Rosas
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Artigo de Opinião - Óscar Rosas
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