A vergonha no futsal

Vejam as imagens do que passou após o final do jogo entre o Santiago e o ADRA.
Agradecemos aquele que nos fez chegar estas imagens

De modo a melhor contextualizar o sucedido de ontem anexamos uma crónica para que se possa reflectir em conjunto com o vídeo, para não calar estas situações, que têm urgentemente de ser banidas do nosso futsal.

Um(a) final triste

O jornalismo é uma arte por vezes triste mas necessária. Tal como é a reportagem de um jogo como a final de sábado, entre Araújo e Santiago. Os três golos, a festa das bancadas, o grupo de bombos, a arbitragem personalizada e, sobretudo, o facto de se encontrarem em campo duas dúzias de campeões, dois emblemas campeões – tudo isso perde interesse quando, após o apito final, se assiste a uma situação que teve tanto de aflitiva como de vergonhosa.

Não há que crucificar Santiago e Araújo. São apenas exemplos de algo que vai preenchendo o nosso quotidiano. No mesmo dia, clubes supostamente grandes, como FC Porto e Sporting protagonizavam também uma batalha campal. E, quer dentro quer fora de Portugal são por demais os exemplos de casos semelhantes no desporto.

De que serve realizar All-Star’s de beneficência, de que servem reportagens televisivas em que se tenta desmontar muita da má imagem que as pessoas comuns têm do futsal? De que servem estas gotas no oceano se, não raramente, há quem não compreenda a essência do desporto, dos valores que lhe são inerentes e transforme uma festa em caos, violência e medo?

Repito, a culpa não é (apenas) do Santiago ou do Araújo. Estes devem, com certeza, rever as imagens e envidar esforços para que não se repitam. Porque, sendo clubes onde há gente digna e honesta, sabem que não há taça que apague a vergonha que é ver o nome das suas instituições manchado por um episódio como o de ontem. Em que não há santos nem inocentes. Porque há rótulos que se colam e que são muito difíceis de tirar.

Mas compreendam. O jornalismo não censura. E era impossível silenciar acontecimentos que, efectivamente, são notícia. Que inegavelmente são notícia. Que infelizmente são notícia.

O jornalismo é uma arte por vezes triste. Mas sempre necessária.
Para que o amanhã seja diferente. Para que ninguém esqueça que é possível mudar o que está mal. E que este Mundo pode ser melhor.

Francisco Fardilha
Jornalista (CE137)